Bom, sem querer de forma alguma, denegrir a religião alheia ou colocar em duvida os adeptos do cristianismo e afins, encontrei esse texto muito bom, com dados históricos. O texto é direcionado aos que acompanham meu blog e as coisas que aqui são postadas. Defendo o direito da liberdade de crenças de todos, inclusive e principalmente o meu! Aos cristãos, meu respeito, mas aqui trato das minhas crenças, que são, obviamente, totalmente divergentes da de vocês. Quem por ventura, de alguma forma, se sentir ofendido e procado em sua crença, saibam: não é essa a minha intenção! Falo aqui, aos meus iguais e que dividem comigo as mesmas crenças.
" Muitos pesquisadores procuraram chegar à uma
conclusão sobre as origens do Cristianismo e sobre a existência real do
próprio Cristo, através de provas históricas e materiais fidedignos para
comprovar a veracidade de sua religião e isso jamais foi conseguido.
Muitos autores renomados como Fílon de Alexandria, Plínio, Marcial,
Sêneca e muitos outros que viveram no século I e estavam fortemente
engajados nas questões religiosas de sua época, jamais citaram Jesus.
Ele não é citado no Sinédrio de Jerusalém, nos anais do Imperador
Tibério ou de Pilatos. Muitos documentos de pessoas que teriam vivido na
mesma época que Jesus são guardados em museus e bibliotecas, mas nenhum
deles menciona sua existência e seus prováveis discípulos não
escreveram sequer uma linha sobre Jesus.
Através de testes modernos como o comparativo de Hegel, o uso de
isótopos radiotivos e radiocarbônicos, todos os escritos apresentados
que buscavam comprovar a existência de Jesus pela Igreja revelaram-se
falsificados.
Filon de Alexandria, um dos mais célebres judeus de sua época, relata
muitos fatos de sua época sobre a sua própria religião e de muitas
outras e não citou Jesus em nenhum de seus relatos. Ele próprio escreveu
sobre Pilatos, mas não disse nada sobre o Julgamento de Jesus que
Pilatos teria oficiado. Apóstolos, Maria, José, nenhum deles é
mencionado por Filon.
Justo de Tiberíades escreveu sobre a história dos Judeus, de Moisés ao ano 50, mas não escreveu uma linha sobre Jesus.
Flávio Josego, que nasceu no ano 37, escreveu ativamente até o ano 93
sobre inúmeras manifestações religiosas e messias da época, mas nada
menciona sobre Jesus Cristo
Nos documentos existentes de gregos, hindus e romanos dos séculos I e
II, constata-se que eles jamais ouviram falar de algum Jesus. Ninguém,
entre escritores e historiadores, que teriam vivido na mesma pretensa
época que Jesus, falou algo sobre ele ou sobre qualquer aparição pública
ou tumulto religioso encabeçado por alguém chamado Jesus.
Os documentos que descrevem a atuação de Pôncio Pilatos nada falam
sobre alguém de nome Jesus Cristo, ou sobre um Messias da época que
teria sido preso ou crucificado por ter realizado feitos sobrenaturais. A
existência de Pilatos é real e histórica e se ele, que supostamente
teria estado no centro dos acontecimentos, já que era o governador da
Judéia, não soube ou relatou um fato tão importante quanto a existência e
julgamento de Jesus, é por que ele realmente não existiu.
Na Escola de Tubíngen, na Alemanha, Filósofos e Teólogos comprovaram
que a Bíblia não possui nenhum valor histórico e que os Evangelhos
seriam arranjos e ficções sustentadas pela Igreja, assim como o próprio
Jesus.
Um padre chamado Aífred Loisy, decidindo pesquisar sobre o
Cristianismo depois de inúmeras críticas e descréditos que essa religião
vinha sofrendo na França, chegou a conclusão que as críticas estavam
baseadas em fatos fundamentados e incontestáveis. Publicando logo em
seguida sua pesquisa, foi excomungado em 1908.
Muitos historiadores afirmam que Jesus teria sido um ser idealizado,
com a função de dar continuidade através de um novo prisma ao Judaísmo
que se dividia e morria. Criando Jesus Cristo, o Judaísmo dava
surgimento à uma nova religião.
Quando os Judeus chegaram em Roma e Alexandria e se deparam com uma
religião passada de geração em geração através da tradição oral e várias
crendices populares e superstições locais, decidiram introduzir ali a
nova religião que traziam. Em pouco tempo o Cristianismo, com sua
filosofia simplista e sedutora, conseguiu conquistar as pessoas mais
comuns, servos, serviçais, escravos e posteriormente os senhores, os
reis, rainhas e imperadores.
Crestus, que era o título dos messias dos essênios, foi o nome pelo
qual os judeus optaram por chamar o "salvador" de seu povo e foi assim
que surgiu o nome Cristo. Baseado também nas crenças e modo de vida dos
essênios, onde bens materiais eram divididos e os problemas pessoais
pertenciam à toda a comunidade, a nova religião que chegava conquistou
os escravos e as pessoas mais humildes. Além disso, Crestus era um nome
extremamente comum na Judéia e Galiléia e por isso muitas referências
encontradas nos textos e documentos da época não se aplicam ao Cristo do
Cristianismo. Assim, Jesus foi inventado para atender à tendência
religiosa e mística de uma época
Quando o Cristianismo começou a elaborar sua doutrina teve grandes
dificuldades em conciliar fé e razão por isso fez várias adaptações com
lendas Pagãs e Deuses solares. O Cristianismo passou a ser assim um
sincretismo das incontáveis seitas judaicas misturado às crenças de
Deuses Solares, dando apenas novos nomes e roupagens a Deuses que
morriam e ressuscitavam nos mitos e que predominavam à séculos com
rituais solares, fundamentados em um Deus que se sacrificava. O Jesus
dos Evangelhos não é um ser real, que existiu, mas sim um personagem
criado em cima da visão religiosa sobre Brahma, Buda, Krishna, Mitra,
Hórus, Júpiter, Serapis, Apolo e muitos outros Deuses......
Se pegarmos o mito de Hórus, que surgiu milênios antes do suposto nascimento de Cristo, vemos que:
- Hórus foi o Deus solar e o redentor dos egípcios
- Hórus nasceu de uma virgem
- O nascimento de Hórus era festejado em 25 de dezembro
- Hórus também era considerado a luz e o bom pastor
- Hórus realizava feitos milagrosos
- Hórus teria 12 discípulos (uma alusão aos 12 signos de zodíaco governados pelo sol)
- Hórus ressuscitou um homem de nome Elazarus (Cristou ressuscitou Lázaro)
- Um dos títulos de Hórus é "Krst"(seria Cristo?)
Se analisarmos mais apuradamente perceberemos que o mito da virgem
grávida, que foge de Herodes em direção ao Egito, para salvar o filho
(Jesus) que carrega em seu ventre não é nada mais nada menos que uma
reinterpretação da lenda de Ísis e Hórus fugindo da perseguição de Seth.
Se analisarmos outros mitos como os de Mitra, Adônis, Krishna, Átis,
dentre outros, vamos encontrar as fontes sob as quais o Cristianismo foi
inventado.
Em 3.500 AEC temos Krishna que também nasceu de uma Virgem, chamada
Devanaguy, que foi avisada com antecedência sobre a concepção de seu
filho-deus e quem daria o nome de Krishna (Cristo?). Uma profecia dizia
que Krishna destronaria seu tio, o Rajá. Por causa disso a mãe de
Krishna foi presa numa torre para não ser concebida por ninguém. Dizem
as lendas que o espírito de Vishnu atravessou o muro e se uniu à ela, se
mostrando como uma luz que foi absorvida por Devanaguy. Quando Krishna
nasceu, um vendaval demoliu a torre onde Devanaguy estava aprisionada e
ela fugiu com Krishna para Nanda. O Rajá mandou matar todas as crianças
que tinham acabado de nascer, mas Krishna consegue escapar. Pastores
foram avisados da chegada de Krishna através de um aviso nos céus e lhe
levaram presentes. Com 16 anos, Krishna começa a viajar pela Índia para
pregar sua doutrina, abandonando sua família e passando a ser chamado de
Redentor pelo seu povo. Krishna faz muitos discípulos e recebe o nome
de Jazeu (Jesus?) que significa "Aquele que nasceu através da fé".
O nascimento de Buda também teria sido avisado à sua mãe. Quando
nasceu uma luz intensa iluminou o mundo fazendo mudos falarem, cegos
verem e uma brilhante estrela no céu anunciou seu nascimento. Buda fez
os mais sábios de seu tempo se admirarem com o seu vasto conhecimento e
muito cedo começou a pregar e converter pessoas. O seu discurso mais
famoso também leva o nome de O Sermão da Montanha e depois que morreu
apareceu aos seus seguidores.
Mitra também teve uma mãe virgem. Nasceu numa gruta em 25 de
dezembro. Uma estrela surgiu no leste quando ele nasceu, indicando o
caminho para magos que trouxeram incenso, mirra e ouro. Ele era
considerado o intermediário entre Ormuzd e os homens. Após sua morte
teria também ressuscitado.
Baco teria realizado muitos feitos como transformar água em vinho e multiplicar peixes.
Podemos perceber que o Cristianismo foi inventado em cima de lendas
não apenas de Judeus, mas também de mitos e religiões pré-judaicas.
Os rituais cristãos também são adaptações de ritos pagãos muito mais antigos.
O Mitraísmo era praticado em grutas e locais subterrâneos e o
Cristianismo primitivo também. Nos ritos mitraícos haviam ritos com pão e
vinho.
A cruz solar, as refeições comunais, a destinação (dia do sol) para
descansar também faziam parte de ritos do Mitraísmo que foram
sincretizados pelos Cristãos. As vestimentas dos sacerdotes católicos
são copias das roupas ritualísticas dos sacerdotes de Mitra, que já
existiam muito tempo antes do Cristianismo e até mesmo do suposto
nascimento de Cristo.
Ritos envolvendo pão e vinho também eram utilizados pelos hindus,
representando o corpo e o sangue de Agni. Como os padres católicos os
monges budistas também lavam as mãos antes da libação.
A crença na vida depois da morte, na ressurreição, no Inferno e num
princípio do bem e mal absolutos eram crenças igualmente inerentes ao
Mitraísmo e Judaísmo.
Do Egito adotaram a autoflagelação, herdadas dos Sacerdotes de Ísis
que se açoitavam para expiar suas culpas e erros humanos. No Egito
também, existiam "mosteiros" para os sacerdotes que desejavam fazer voto
de castidade. Dos gregos se apropriaram da água lustral. Dos
Indostânicos adotaram o celibato, o jejum e a esmolação. Os etruscos
copiaram o ato de juntar as mãos ao rezar....
Tudo isso já existia milênios antes do suposto nascimento e
existência de Cristo. Textos de pagãos, essênios e gnósticos foram as
bases utilizadas no Concílio de Nicéia para compor o Novo Testamento.
Deduzimos então que o Cristianismo não tem nada de original e nem que
o Cristo histórico realmente existiu. Fica claro que os rituais, as
raízes e bases do Cristianismo provêm de uma enorme variedade de
diferentes religiões e mitos sobre as diferentes divindades solares
existentes e muito cultuadas na época em que os judeus decidiram dar
sequência à uma religiosidade que morria e desaparecia.
O que tudo isso nos ensina?
Isso tudo nos mostra que conceitos cristãos, como são entendidos hoje
e sustentados durante séculos por uma religiosidade dominante que
mantém seus seguidores na completa ignorância de sua verdadeira origem,
nada têm a fornecer ou acrescentar a prática Wiccaniana.
Se ao contrário disso caminharmos na contra mão, buscando fazer não
uma Wicca Cristã, mas sim uma Wicca que busca pelas origens dos cultos
solares, que são anteriores e deram origem ao próprio Cristianismo,
teremos muito mais à aprender e à acrescentar em nossa prática
religiosa.
Wicca Cristã é um conceito incompatível e incoerente devido a todo o
dogmatismo não só do Catolicismo, mas do Cristianismo de uma forma
geral. Wiccanianos buscam celebrar uma religião que visa se libertar de
vários grilhões, principalmente dos grilhões da ignorância que dominaram
nossa sociedade durante praticamente dois mil anos através do
monoteísmo e dos valores judaico-cristãos. Para que retroagir ou
persistir no mesmo erro quando podemos mudar?
Uma leitura atenta de uma estrofe da carta redigida pelo Papa
Gregório ao Abade Mellitus em 601 EC, que pode ser lida na íntegra no
Capítulo 30 do livro História Ecclesiastica, demonstra como o Paganismo
foi cruelmente perseguido pelos primeiros Cristãos:
"Quando, com a ajuda de Deus, chegar na presença de nosso ilustre
reverendo irmão Bispo Augustino, eu quero que você diga a ele o quanto
tenho ponderado sobre a questão dos ingleses: Eu cheguei a conclusão de
que os templos dos ídolos na Inglaterra não devem de forma alguma ser
destruídos. Augustino deve esmagar os ídolos, mas os templos devem ser
borrifados com a água benta e altares devem ser instalados nesses
lugares, relíquias devem ser confiscadas. Pois devemos aproveitar os
templos bem construídos e purificando-os da adoração dedicá-los ao
serviço do Deus verdadeiro. Deste modo, eu espero que as pessoas, vendo
que seus templos não foram destruídos deixem sua idolatria e continuem a
freqüentar os lugares como antigamente e adorarão naquele mesmo lugar,
com o qual estão acostumados, e mais facilmente irão se familiarizar com
a verdadeira fé".
Estas foram as instruções das autoridades Católicas para facilitar a
conversão dos ingleses, uma estratégia alienadora que privou os Pagãos
do Passado de cultuarem seus antigos Deuses. O que fazem todos os que
desejam uma fusão entre Wicca e Cristianismo é perpetuar este genocídio
cultural e religioso Cristão, que simplesmente esmagou o Paganismo para
se impor como a religião oficial e a única verdadeira até os dias
atuais.
Concordo plenamente que todas as religiões possuem algo de valor para
compartilhar com as pessoas. Isto, no entanto, não significa que as
religiões devam ser misturadas num grande “balaio” para que se pareça
que tudo é a mesma coisa.
A Wicca é um caminho Pagão. Isso significa, de um modo geral, que ela
possui conceitos que são completamente antagônicos ao Cristianismo ou a
qualquer outra religião monoteísta e conversista. Paganismo é um
sistema religioso panteísta, animista, totêmico, de bases xamanísticas e
na maioria das vezes politeísta. Qualquer religião centrada na Terra e
que não compreenda o Sagrado de forma transcendental é Pagão. O
Paganismo de uma forma geral é sexual, ctônico, telúrico, politeísta,
panteísta e algumas vezes, inclusive, henoteísta ou panenteísta. Toda
forma de Paganismo se baseia na Terra e no culto aos Antigos Deuses.
Isto coloca qualquer vertente Pagã em uma posição completamente oposta
ao Cristianismo e outras religiões totalmente transcendentes, baseadas
em pecados e que desejam a salvação da alma do homem.
Inserir elementos Cristãos no Paganismo é algo incoerente e só
prestará um desserviço aos ideais de amor, reverência e respeito à Terra
que todos nós nutrimos. Basta dar uma breve passada de olho no primeiro
livro sagrado dos Cristãos (Gênesis), cujas citações do Capítulo 1
(versículos 26 e 28) são transcritas abaixo, para chegar a esta
conclusão:
"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e DOMINE sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e SOBRE TODA A TERRA, e sobre todo o réptil que se move
sobre a terra"
"E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos,
e enchei a Terra, e SUJEITAI-A; e DOMINAIS sobre os peixes do mar e
sobre as aves dos céus, e sobre TODO animal que se move sobre a Terra"
Se pararmos para pensar que a origem de muitas formas de preconceitos
e guerras tem sua origem na interpretação literal de versículos como
estes em livros "sagrados", teremos um motivo maior ainda para não
desejarmos esta fusão entre Wicca e Cristianismo. A única coisa que o
Cristianismo pode acrescentar à Wicca e ao Paganismo é a perpetuação de
seus "valores" distorcidos que só contribuíram para a exploração da
Terra e intolerância, sem direito ao diálogo com a diversidade e outras
religiões.
Misturar Wicca e Cristianismo é um genocídio. As consequências desse
genocídio interessa a todos nós porque sofremos seus efeitos direta ou
indiretamente diariamente. Matar alguém deliberadamente por motivos
raciais é um genocídio étnico, inserir elementos cristãos na Wicca é um
genocídio religioso. O primeiro priva um ser humano de sua vida e
singularidade cultural, o segundo elimina as bases originais e únicas de
uma religião.
Não há radicalismo algum em querer manter as crenças e práticas
Wiccanianas num parâmetro coerente. Cristianismo e Wicca são religiões
completamente incompatíveis, porque a primeira considera-se uma religião
patriarcal, monoteísta, conversista e dominante enquanto a Wicca é
matrifocal, politeísta, panteísta, antiproselitista e minoritária e que
não deseja se tornar dominante.
Usando um exemplo simples que pode servir de ilustração comparativa,
não acho radical dizer que devemos lutar contra interesses políticos e
industriais para manter intocadas as reservas florestais ou o resto de
natureza selvagem que ainda resta. As reservas são frágeis e exatamente
por isso precisam ser protegidas com toda força e rigor, caso contrário
podem ser facilmente devastadas do dia para a noite pelos interesses da
classe dominante e exploradora.
Da mesma forma, não acho radical dizer que devemos lutar contra a
incorporação de elementos Cristãos na Wicca, uma vez que o Cristianismo é
a religião dominante. Paralelamente falando, trazer o Cristianismo para
a Wicca é tão devastador e agressivo quanto levar uma escavadeira para a
natureza intocada onde crescem árvores que lutaram 100 anos ou mais
para se manterem firmes e enraizadas na terra, presenteando todos com
sua beleza. Uma árvore que demorou tanto tempo para crescer e se
fortificar pode ser detonada por uma escavadeira em questão de segundos,
uma floresta inteira em questão de meses.
A única coisa com a qual o Cristianismo pode contribuir para Wicca é
com a total canibalização da Arte através do sincretismo religioso, de
forma que ela perca sua total identidade, sua força e com o tempo
desapareça.
O Cristianismo, particularmente o Catolicismo, pode até ter
incorporado diversos elementos do Paganismo em sua estrutura. Mas na
atual situação querer fazer uma aproximação espiritual entre Wicca e
Cristianismo é completamente impossível. Os interesses e propósitos das
religiões monoteístas são completamente diferentes dos nossos. O
sincretismo religioso Cristão é desnecessário, completamente
inconsistente e empobrecedor. Nem a Wicca nem o Cristianismo precisam
disso.
Uma coisa é você celebrar divindades Pagãs, se valendo dos seus
arquétipos, e invocá-las num ritual puramente Pagão. Outra é chamar duas
energias completamente incompatíveis (Deuses Pagãos e os seres
espirituais da Mitologia Cristã) e chamá-las para tomar chá das 5h
juntas.
Se alguém gosta de praticar magia "a la" Catolicismo, permaneça fiel a
esta religião fazendo suas novenas, rezando os seus terços e cumprindo
suas promessas. Isso também é magia. No entanto, esse tipo de magia não
se enquadra a Wicca, nem o tipo de magia que utilizamos se enquadra ao
Cristianismo. Todas as religiões possuem pontos em comum, o que não
significa de forma alguma que sejam a mesma coisa.
Os Anjos existem para os Cristãos. Buda existe para os Budistas.
Allah existe para os Muçulmanos. Os Antigos Deuses existem para os
Wiccanianos.
Uma coisa exclui a outra? De forma alguma, só não fazem parte da
mesma religião. Isso significa que ao passo que uma coisa não exclui a
outra, eu como Wiccaniano, posso acreditar em todas elas e inseri-las na
minha prática?
Não, eu não posso fazer essa mistura!
Estamos falando aqui de frequências espirituais distintas, que não
são acessadas quando usamos símbolos ou invocamos seres espirituais
diferentes daqueles que estão conectados com a corrente energética de
nossa religião.
Tomemos um exemplo simples:
Enquanto eu vejo televisão em minha casa, estou conectado em um
determinado canal de TV. Meu vizinho ao lado pode estar conectado a
outro. Uma amiga que mora lá em Manaus poderá estar conectada, ainda, em
um terceiro canal de televisão distinto. Todos nós estamos vendo coisas
diferentes e por isso estamos tendo realidades diferentes ao mesmo
tempo, no mesmo plano. Eu não consigo ver o que o meu vizinho está vendo
nem ele consegue ver o que eu vejo porque através de nossas televisões
estamos acessando frequências diferentes de canais.
Se eu quiser ver o que ele vê, o que devo fazer? Mudar o canal e colocá-lo na mesma freqüência que ele!
Isso significa que eu deixarei de ver as coisas que estavam passando
no canal anterior para ter experiências reais através de um novo canal,
que opera em uma outra freqüência e sintonia.
Eu sei que todos os canais existem, que várias pessoas estão vendo
coisas diferentes em canais diferentes ao mesmo tempo em que eu, vivendo
no mesmo planeta. Mas isso significa que eu posso ver e ouvir todos os
canais ao mesmo tempo? Obviamente não!
Quando tentamos sintonizar 2 canais ao mesmo tempo a tela fica
distorcida, o som chega cruzado e eu não vemos e ouvimos direito nem uma
coisa e nem outra!
Poderíamos dizer que tal exemplo é compatível com as correntes
energéticas que nos fazem sintonizar com o Sagrado. Cada religião opera
em um padrão diferente e distinto e por isso Buda e Krishna não estão
para o Islamismo, assim como os Cristo e Anjos não estão para a Wicca.
A Deusa e o Deus da Bruxaria são sexuais, ctônicos e telúricos, o que
os torna completamente diferentes da figura do Deus monoteísta e da
Virgem Maria assexuados.
Wiccanianos não acreditam no Deus Cristão, em Anjos, Santos, no Céu,
Inferno ou seguem a Bíblia. Wiccanianos não acreditam no pecado original
ou danação eterna. Um Wiccaniano é qualquer pessoa que não seja
Cristão, alguém que cultue a Deusa, os antigos Deuses, celebre a Roda do
ano e as lunações e chame ou defina a si mesmo como Bruxa ou Bruxo.
Pessoas que praticam a chamada "Wicca Cristã", ou aqueles que querem
encontrar desculpas para incluírem elementos Cristãos no Paganismo são
Cristãos mal resolvidos. Tais pessoas são indivíduos com uma forte
dificuldade de se desligarem de sua criação e valores Cristãos, querendo
criar um novo subgrupo dentro de uma religião que pratica e prega algo
completamente oposto ao Cristianismo. Não concordar com a mistura destas
duas religiões não é de forma alguma radicalismo ou intolerância ao
Cristianismo, mas sim um clamor pela coerência.
Vejamos as diferenças entre a Wicca e o Cristianismo:
1) Para a Wicca a mulher é a fonte sagrada de toda a vida. Para o
Cristianismo ela é a fonte de todos os males (vide Eva e o episódio do
fruto do pecado original no Jardim do Éden).
2) Para a Wicca a fonte primordial de toda a vida é feminina (por
alguns considerada feminina e masculina). Para o Cristianismo ela é
predominantemente masculina.
3) A Wicca encara o sexo e a sexualidade como uma dádiva dos Deuses,
algo bom, que deve ser vivido e celebrado intensamente, pois é sagrado.
Para o Cristianismo o sexo e todas as expressões da sexualidade são
pecaminosas, devem ser evitadas e reprimidas.
4) Para a Wicca a Divindade é panteísta e imanente. Para o Cristianismo o sagrado se apresenta de forma transcendente.
5) A Wicca incentiva a responsabilidade nas atitudes humanas. Não há
um ser maligno para ser culpado por nossas faltas, a não ser nós mesmos.
O Cristianismo coloca sempre tal responsabilidade no Diabo. O ser
humano nunca é real responsável por seus próprios atos negativos, é
sempre instigado a realizá-los por intermédio das "forças das trevas".
6) A Wicca encara a natureza como sagrada, devendo ser preservada, o
homem é parte integrante e filho dela como todos os outros seres. O
Cristianismo vê a natureza como algo que foi criado para servir ao homem
e por ele ser explorada e subjugada.
7) Para a Wicca tudo que dá prazer e satisfação ao homem é bom. Para o
Cristianismo todas as fontes de prazer (sexuais ou não) devem ser
evitadas.
8) Para a Wicca todo ser humano nasceu livre de pecados e karmas, estamos aqui para viver intensamente e sermos felizes.
9) Para o Cristianismo o ser humano é fruto do pecado original e já
nasceu na posição de pecador. Para a Wicca o ser humano é uma dádiva dos
Deuses e nasceu livre, inclusive de qualquer forma de pecado.
10) A Wicca deseja dialogar com outras religiões, pois a intolerância
é a base da alienação. O Cristianismo não apenas evita tal diálogo
como, inclusive, não tolera em hipótese alguma a mistura de sua
espiritualidade com outras.
Algumas pessoas insistem não somente em fazer essa fusão entre as
duas religiões, mas até mesmo em afirmar que a Virgem Maria é uma das
faces da Deusa.
A questão é, o Sagrado Feminino não se manifesta somente no
Paganismo. Cada religião possui o Sagrado Feminino em suas bases de uma
forma ou outra. Porém, qual Sagrado Feminino estamos nos referindo
quando fazemos tal afirmação? O Pagão ou o Cristão? Um é diferente do
outro.
Muitos também insistem que aquelas que usam ervas, rezadeiras e
parteiras são Bruxas. Porém, o Cristianismo que sobreviveu com as
rezadeiras, no culto ao Feminino dos Goliardos medievais e em outras
ordens religiosas de mulheres Cristãs, por exemplo, não pode ser
considerado Paganismo. Ele é simplesmente outra das muitas formas do
Cristianismo misturado ao folclore e sabedoria popular. Fazendo um
paralelo, os monges da Idade Média transcreviam o que tinha sobrevivido
das lendas divinas e contos folclóricos dos antigos povos da Europa e
nem por isso eram Pagãos.
Pode ser que o Paganismo tenha precisado vestir alguns elementos
Cristãos no passado para sobreviver, assim como o Cristianismo precisou
se valer de vários elementos do Paganismo na construção de identidade
para sobreviver, crescer e angariar novos adeptos. Mas hoje isso não é
só mais necessário como deve ser evitado.
Talvez, primar por uma exclusão dos elementos Cristãos no Paganismo e
evitar que mais Cristianismo possa ser incluído na Arte seja uma das
poucas formas que temos de honrar os Pagãos do passado que se mantiveram
fiéis aos Antigos Deuses e que não puderam ter essa postura em seu
próprio tempo, em função do preconceito e intolerância de sua época.
Muitas pessoas usam falsas justificativas para continuar atrelados ao
simbolismo Cristão, dando desculpas incoerentes por pura falta de
coragem em se libertar dos grilhões que nos aprisionam há tempos.
Mesmo que os cultos à Deusa tenham sido praticados nos locais da
aparição de santos, mesmo que muitos Deuses tenham se transformado em
santos para facilitar o processo de expansão do Cristianismo, como
Pagãos, devemos nos voltar às verdadeiras faces destas divindades e
invocar os seus verdadeiros nomes. Eliminar todo o ranço Cristão dos
santos de hoje que foram Deuses ontem é dever de cada Pagão.
Em vez de cultuar Santa Brígida, por que não chamar pela Deusa celta
Brigit? Em invés de invocar São Tirso, vamos invocar Dionísio. No lugar
de nos voltarmos à Maria, é hora de reverenciarmos novamente a semítica
Deusa Mari em todo seu esplendor e pureza. Por que rezar para Nossa
Senhora dos Navegantes se podemos chamar por Ísis Pelagia, a face da
Deusa do Nilo que deu origem aos rituais de navegação que foram
assimilados posteriormente pelo Catolicismo com a clara intenção de
exterminar totalmente o antigo Paganismo e expandir a nova fé?
O dever de todo Pagão é resgatar os nomes e dignidade dos Deuses
Antigos e não cultuar os Santos e figuras Cristãs com a desculpa de que
eles são a sobrevivência de antigos Deuses. Muitos santos de hoje podem
até realmente ser uma sobrevivência de antigas Divindades Pagãs, mas são
sua sobrevivência vegetativa, cujos atributos originais foram
marginalizados e completamente tolhidos. A única maneira de exercitar o
Paganismo com dignidade é retirando os Deuses de sua existência
vegetativa na figura das santas e santos católicos e resgatar novamente
suas verdadeiras faces divinas, nomes e atributos originais. Os Deuses
agradecem esse ato de consciência e a Wicca também!"
Por: neopaganismo.com.br