"No
momento infinito a Deusa se elevou do caos e criou tudo aquilo que é,
foi e será"
Trecho do
mito Wiccaniano da Criação
A Wicca é
uma religião matrifocal e exatamente por isso honra o Sagrado Feminino
em todas as suas muitas manifestações.
Para as
crenças Wiccanianas, o universo e tudo o que existe foi criado pela
Deusa, que é considerada a primeira divindade da humanidade desde o
início dos tempos, de acordo com as evidências arqueológicas.
Estatuetas
representando a Deusa foram encontradas em diversos sítios
arqueológicos de diferentes culturas, demonstrando assim que um dia
uma Deusa, e não um Deus, foi a divindade central de culto para as
antigas civilizações. Algumas dessas esculturas são tão antigas que
datam do paleolítico superior, que ocorreu por volta de 25000 AEC, e
foram sempre encontradas perto de grutas, cavernas, círculos de pedras
e cemitérios o que seguramente as conecta com algo sagrado.
Uma segunda
divindade representando os aspectos masculinos da criação também é
celebrada. Ele é o Deus Cornífero, chamado muitas vezes simplesmente
de o Deus, protetor das florestas e dos animais que presidia
principalmente a caça. Seu culto foi proeminente no Paleolítico,
aproximadamente 12 mil anos atrás, onde os homens o representaram nas
paredes das cavernas.
Desta forma,
mesmo sendo considerada uma religião centrada no Sagrado Feminino, a
Wicca é baseada na dualidade que reflete o equilíbrio e energia da
natureza. A Deusa é considerada a doadora da vida enquanto o Deus é o
fertilizador.
Em muitas
civilizações antigas a Deusa era simbolizada pelo lua e o Deus pelo
sol, expressando mais uma vez o perfeito equilíbrio das forças
naturais. A Deusa e o Deus são considerados parte de nós e estão vivos
em todas as coisas e em todos os lugares, uma vez que a Wicca encara o
Divino de forma Panteística.
Como os diferentes Deuses são apenas a compreensão do Divino pelos
muitos povos, há uma crença comum entre a maioria das diferentes
vertentes da Arte, que afirma todas as Deusas serem a Deusa e todos os
Deuses serem o Deus. Exatamente por este motivo, os panteões
escolhidos por uma ou outra pessoa para expressar o seu entendimento
do Divino pode variar substancialmente. Você encontrará alguns Bruxos
que cultuam Deuses do panteão celta e outros que trabalham com o
egípcio, nórdico, grego, sumeriano, romano ou com todos eles, variando
à cada ritual. Outros Bruxos, no entanto, preferem não nomear a face
feminina e masculina do Sagrado e limitam-se a chamá-los apenas de a
Deusa e o Deus.
Para as práticas Wiccanianas a Deusa se expressa de forma Tríplice
como a Donzela, a Mãe e a Anciã, representando os diferentes estágios
da vida da mulher e a lua respectivamente como crescente, cheia e
minguante. Essas são consideradas as três faces da Deusa e é por este
motivo que Ela muitas vezes é chamada de a Deusa Tripla do Círculo do
Renascimento, pois mostra sua face de Donzela na fase crescente,
torna-se a Mãe na Cheia, é a sábia Anciã na Minguante, aparentemente
desaparece nos primeiros dias da nova, quando não há lua no céu, e
renasce novamente na crescente, jovem e bela.
Como Donzela, Ela representa o início, o idealismo e o florescer da
vida. Sua cor sagrada nesta face é o branco.
Como a Mãe, Ela representa o nascimento, a fertilidade e a
maternidade. Sua cor sagrada nesta face é o vermelho.
Como a Anciã , Ela representa a sabedoria, o conhecimento e a
transformação. Sua cor sagrada nesta face é o preto.
O
Deus Cornífero é o filho e consorte da Deusa. Ele é o senhor da fauna
e da flora e também o protetor da criação da Deusa.
É
necessário deixar claro que a visão do Deus para a Wicca em nada se
parece com o patriarcal Deus expresso pelas religiões judaico-cristãs.
O Deus da Wicca é vivo, forte, sexual, ligado aos animais, não sendo
em nada semelhante ao assexuado e transcendental Deus monoteísta. Ele
representa tudo o que é bom e prazeroso como a vida, o amor, a luz, o
sexo, a fertilização.
Com a chegada do Cristianismo na Europa com todo o seu conjunto de
pecados, proibições e tabus sexuais, o Deus Cornífero foi transformado
na figura do Demônio e do mal pelos primeiros cristãos. Até então o
Diabo jamais tinha sido representado com chifres na cabeça e isso só
aconteceu para denegrir a imagem do Deus dos Bruxos.
O
Deus Cornífero orna chifres em sua cabeça não por ser o Diabo, pois
Bruxos nem nele acreditam, mas por causa da sua ligação com os animais
e a caça. Ele não é de nenhuma forma o Demônio e muito menos é o Deus
cristão.
Por ser simbolizado pelo próprio Sol, o Deus mostra suas diferentes
faces através da viagem do astro pelas 4 estações do ano. Isto
reflete as mudanças dos ciclos sazonais. Ele nasce no Solstício de
inverno como um jovem bebê, cresce na Primavera e tornado-se um jovem
viril, no verão ele atinge sua maturidade e no outono torna-se o sábio
Ancião e se prepara para retornar ao ventre da Deusa e renascer no
primeiro dia do inverno.
A
união da Deusa e do Deus traz vida e luz à Terra e por isso é sagrada.
Eles estão ligados a todos os aspectos da vida humana e a tudo o que
existe.
Os
Wiccanianos cultuam seus Deuses para pedirem por saúde, paz, harmonia,
sucesso e prosperidade da mesma forma que os praticantes de quaisquer
outras religiões fazem. No nosso dia a dia desenvolvemos uma prática
constante de meditações, rituais e invocações que possibilitam o
desenvolvimento de nossa relação com o Sagrado. Qualquer pessoa pode
e deve explorar a energia e poder da Deusa e do Deus.
Sua lei é o amor em suas múltiplas formas.
Se
você for capaz de amar você poderá alcançá-los. Eles estão dentro de
todos nós, esperando o nosso chamado para que possamos nos tornar um
reflexo do seu amor.
Por Claudiney Pietro
http://www.wiccanaweb.com.br
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